Como são doenças crónicas, é difícil antecipar a evolução das DII, o que pode ser um motivo de preocupação e incerteza relativamente ao futuro. Devido à ansiedade causada pelo novo diagnóstico, e com informações (por vezes assustadoras) divulgadas em vários locais, é normal que se questione se conseguirá manter relações afetivas, ou se poderá candidatar-se a um determinado emprego, pelo medo das eventuais limitações que o diagnóstico de DII possam causar.
É certo que há alguns sintomas ou características destas doenças que poderão interferir com vários aspetos da sua vida sexual, profissional e social, quando a doença não está controlada.
EverydayHealth
Um sintoma muito comum na doença inflamatória do intestino é a fadiga que, tal como outros sintomas, particularmente a dor abdominal, podem perturbar o desempenho profissional, reduzir os contactos sociais até levar à evicção de relações de maior intimidade, particularmente durante um período de exacerbação da doença. Os fatores psicológicos ligados às alterações de humor, baixa autoestima e o receio, por vezes constante, de incontinência, podem também causar ou agravar as dificuldades sentidas no cumprimento das atividades profissionais, na socialização com os amigos e familiares e na atividade sexual.
Em alguns doentes a doença persiste ativa com um carácter intermitente ou mesmo permanente, apesar do tratamento, originando períodos frequentes de incapacidade e ausência laboral. A necessidade de várias idas à casa de banho durante o período laboral pode também alterar a dinâmica profissional.
Alguns doentes com DII, particularmente no caso da Doença de Crohn, podem desenvolver abcessos, comunicações anormais entre o intestino e a pele ou órgãos adjacentes (chamadas de fístulas), ou cicatrizes da pele, com atingimento da área circundante do ânus e órgãos genitais. Estas complicações podem causar maior desconforto pela alteração da aparência corporal e até tornar o acto sexual doloroso ou temporariamente impossível. O sexo anal terá de ser evitado no caso da existência de estreitamento (estenose), abcessos ou fístulas que envolvam o ânus.
No caso dos doentes submetidos a cirurgia, pode haver remoção de parte do intestino delgado, ou parte ou todo o cólon e recto, o que pode resultar numa ileostomia ou colostomia, ou no caso da Colite Ulcerosa, na criação de uma bolsa ileo-anal interna. Em geral, isto não é um fator impeditivo de uma vida sexual ativa, mas pode ser um fator condicionador pela alteração da imagem corporal.
A maioria dos medicamentos e das terapêuticas usadas no tratamento da DII não parecem interferir na performance sexual, à exceção dos corticosteróides, para os quais há alguma evidência de terem impacto negativo na líbido.
No entanto, tem-se verificado cada vez mais desenvolvimentos no tratamento médico-cirúrgico das DII, com eficácia na diminuição da inflamação e prevenção de complicações. O controlo da atividade da doença (chamada “remissão”) poderá permitir-lhe viver uma vida normal! Daí que seja essencial que, perante um diagnóstico de DII, seja acompanhado por uma equipa médica especializada.
Devido ao potencial impacto das DII na vertente pessoal, familiar e profissional, torna-se essencial ter apoio familiar e da sua rede social. Saiba também que poderá contar com a ajuda da equipa médica que o segue para responder a quaisquer questões e preocupações que tenha, e para o ajudar a lidar com eventuais complicações que possam surgir.
Autoria
Young GEDII: Paula Sousa, Joana Roseira, Maria Manuela Estevinho, Sónia Bernardo
Ana Catarina Carvalho (Centro Hospitalar Tondela-Viseu),
Sofia Ventura (Centro Hospitalar Tondela-Viseu),
Francisco Pires (Centro Hospitalar Tondela-Viseu),
Cláudio Rodrigues (Centro Hospitalar Tondela-Viseu),
João Correia (Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho),
Edgar Afecto (Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho),
Juliana Serrazina (Hospital Santa Maria – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte),
João António Cunha Neves (Centro Hospitalar Universitário do Algarve),
Viviana Alexandra Sequeira Martins (Centro Hospitalar Universitário do Algarve)
Para mais informações, aceda às páginas das associações portuguesa e europeia dos portadores de Doença Inflamatória Intestinal: