Aproximadamente 20% dos doentes com colite ulcerosa vão sofrer um episódio de agudização, com necessidade de internamento e de corticoterapia endovenosa. Contudo, uma percentagem significativa (40%) não irá responder adequadamente, carecendo de tratamento de resgate com Infliximab ou Ciclosporina. Em 10-20% dos casos a cirurgia pode ser necessária durante o internamento após falência das terapêuticas anteriores.
Os autores pretenderam avaliar o papel da ecografia intestinal na predição de outcomes a longo prazo em doentes hospitalizados por colite ulcerosa aguda grave.
O estudo SUCCESS (observacional, prospetivo e multicêntrico) publicado por Ilvemark et al incluiu 56 doentes com colite ulcerosa aguda grave e espessamento da parede intestinal (BWT) ≥ 3mm (cólon sigmóide) previamente ao início de corticoterapia endovenosa. Nos doentes incluídos, foi realizada ecografia intestinal previamente ao tratamento, às 48±24 horas, aos 6±1 dias e aos 3 meses após início de terapêutica. O tempo de follow-up foi de 12 meses.
Dos doentes incluídos, 45 (80% da amostra) careceu de algum tipo de intervenção (definida como aumento de dose/reinício de corticóides, início/substituição de biológico, hospitalização por agudização e/ou colectomia), durante o período de follow-up.
Às 48±24 horas, nenhum doente com BWT < 3mm necessitou de cirurgia (p=0,04); BWT ≥ 3mm (OR 3,6; p=0,03) e ≥4mm (OR 9,5; p=0,03) associaram-se a risco de intervenção e de colectomia, respetivamente. Estes dados constituem uma mais-valia, auxiliando na seleção dos doentes que carecem de monitorização mais apertada durante o internamento e no período pós-alta.
Este estudo reforça o papel deste método de diagnóstico não invasivo como potencial preditor de piores outcomes em doentes com colite ulcerosa aguda grave.