Os doentes com Doença Inflamatória Intestinal (DII) com infeção por Clostridioides difficile (CDI) apresentam um risco aumentado de outcomes desfavoráveis. Este estudo pretendeu avaliar a eficácia e segurança da fidaxomicina no tratamento de CDI em doentes com DII numa coorte internacional.
Tratou-se de um estudo retrospetivo multicêntrico, que incluiu 96 adultos com colite ulcerosa (57, 59%) ou doença de Crohn (39, 41%) de 20 centros de DII, tratados com fidaxomicina para CDI confirmada. A maioria dos doentes estava sob terapêutica médica avançada para a DII (70, 73%). Tratou-se de um primeiro episódio de CDI em 46 (48%) dos doentes, sendo os restantes recorrências. Cerca de um terço dos doentes apresentava pelo menos um fator de risco adicional para CDI, nomeadamente internamento ou antibioterapia recentes ou utilização de inibidor da bomba de protões.
A taxa de recorrência de CDI foi de 10% às 8 semanas, e a taxa de resposta sustentada foi de 82% às 12 semanas. Os doentes com primeiro episódio de CDI apresentaram menor taxa de recorrência (4,3% vs 16%; p=0,06) e maior taxa de resposta sustentada (91% vs. 75%; p=0,04). Foi necessária escalada da terapêutica da DII em quase metade dos doentes aos 180 dias, com tendência a menor necessidade entre os que alcançaram resposta sustentada (12% vs. 20%; p=0,42). Cinco doentes com colite ulcerosa foram submetidos a colectomia. Foi registado um óbito não relacionado com CDI ou DII.
Assim, fidaxomicina demonstrou ser eficaz e segura no tratamento de CDI em doentes com DII, particularmente em episódios iniciais, associando-se a baixas taxas de recorrência e potencial benefício nos outcomes da DII a curto prazo.